Hello there.

 

This is the Portuguese version of our article published here yesterday about our visit to Warlord Games, a wargaming and miniature company based in Nottingham in the UK. If you missed that please check it out.

 

Over and out.

+++

 

Olá Leitor!

 

Como eu já havia mencionado no primeiro artigo da série “Visiting Britain’s Lead Belt” eu aproveitei uma viagem à Inglaterra em janeiro de 2014 para visitar algumas companhias de wargames baseadas na cidade de Nottingham, afetuosamente conhecida no meio como “Lead Belt” em uma clara referência as várias empresas desse ramo estabelecidas na localidade.

 

Já tendo publicado por aqui meu artigo sobre a visita à Mantic Games é hora de dar sequência a série falando desta vez sobre a Warlord Games.

 

Ainda não havia ouvido falar dela? Bom, eu mesmo não sabia muito sobre a companhia além do fato de que ela produzia alguns wargames históricos, tema pelo qual nunca havia me interessado muito, até que um papo recente com o Marcos associou o nome da Warlord Games a um sistema de regras sobre o qual eu havia ouvido falarem muito bem: O Bolt Action.

 

Pra quem ainda não o conhece o Bolt Action é um wargame (jogo de estratégia) ambientado na Segunda Guerra Mundial que coloca seus jogadores no comando de um dos exércitos do Eixo ou dos Aliados. “Ah, mas o Flames of War também é um wargame de Segunda Guerra Mundial e é muito melhor!” pode gritar um dos meus leitores mais entusiasmados com esse outro sistema de regras muito popular sobre a Segunda Guerra.

 

Sim o Flames of War existe e é mesmo um conjunto de regras bem popular entre os adeptos do combate entre miniaturas ambientados na Segunda Grande Guerra (contando com dois grandes pólos de jogadores em São Paulo/SP e Curitiba/PR no Brasil e outros tantos espalhados país afora), mas, quanto a ser melhor ou pior enquanto conjunto de regras, eu não sei opinar, principalmente por falta de razões que possam embasar minha opinião, contudo o principal diferencial que chamou minha atenção para o Bolt Action foi a escala das miniaturas. Enquanto o Flames of War utiliza miniaturas em escala 15mm (o que concordo permitir combates muito maiores, com muito mais tropas envolvidas), o Bolt Action trás miniaturas maiores, em escala 28 mm ao qual estou mais acostumado.

 

A diferença na escala dos modelos. Na esquerda as miniaturas em 28mm do Bolt Action e na direita os modelos em 15 mm do Flames of War (foto cortesia de Luis Enéas Guarita – usada com permissão).

 

Outra foto ilustrando a diferença entre as escalas (foto cortesia de Luis Enéas Guarita – usada com permissão).

 

“Mas, você já falou que não gosta de wargames históricos!” Sim, a principio eles não são mesmo minha primeira opção (nem a segunda). Como expliquei algumas vezes aqui no blog e em episódios do Papo de Mesa Podcast em que esse assunto veio a tona, wargames que se apoiam em algo muito canônico para mim, tem o condão de rasgar o tecido da realidade abalar minhas convicções e por isso acabo me afastando deles.

 

Não entendeu nada? Me deixe explicar então. Um exemplo recorrente sempre citado por mim é o wargame produzido pela Games Workshop baseado nos filmes do Peter Jackson que por sua vez são baseados nos livros escritos por J.R.R. Tolkien (O Hobbit e a trilogia O Senhor dos Anéis) que me são muito queridos. Quando de seu lançamento o wargame LoTR (como ele é popularmente conhecido – uma sigla para Lord of The Rings) apresentava cenários (missões) que se atinham a reencenar sobre a mesa as batalhas vistas nos filmes e por isso mesmo não me atraiam nem um pouco já que eu sabia o desfecho delas, e um resultado diferente na mesa de jogo (imagine se os Nazgul matassem o Frodo no Topo do Vento) abalaria por demais minha frágil psique (eu sei… papo de maluco). Para mim a história da Terra Média existe da maneira que Tolkien a escreveu (e talvez nos remendos do filho dele), e embora eu goste de revisitá-la até hoje, a idéia de imiscuir nela, fazer parte dela e possivelmente alterá-la jamais teve qualquer apelo para mim.

 

Resumindo acho que esses wargames não me atraem justamente porque a história deles já foi contada, não havendo muito o que explorar nesses jogos já que o meu gosto pelo gênero de estórias  “O que aconteceria se…” fica restrito as clássicas revistas “What If…” publicadas pela Marvel durante minha infância e adolescência, sendo esse, a principio,  o motivo pelo qual também não me empolgava com os wargames históricos.

 

“E mudou de opinião por quê?” Bom além de preferir ser essa metamorfose ambulante ao invés de ter aquela velha opinião formada sobre tudo, acredito que nenhum homem é uma ilha (e jogar wargames no modo “forever alone” não rola) some-se ai o fato de alguns amigos com quem jogo frequentemente curtirem jogos ambientados na segunda guerra mundial e estarem querendo enveredar por esse universo é já temos o primeiro motivo, outra razão é o fato de poder representar outras batalhas e escaramuças do período. Acabei percebendo que embora eu saiba exatamente como terminou a “Batalha de Stalingrado” (parece que os Alemães perderam essa) existem outras tantas batalhas e escaramuças no período cujas narrativas podemos forjar na mesa de jogo sem alterar o curso da história. Um excelente exemplo é o filme  “O Resgate do Soldado Ryan” , um filmaço de guerra ambientado na segunda guerra que não retrata nenhum combate especifico além dos desembarques na Normandia no Dia D (não, a “Batalha de Ramelle” só existe no filme). A Warlord Games até já preparou um artigo que vai me ajudar muito nessa transição do meu sistema favorito para os campos de batalha da 2ª Guerra!

 

Infantaria avançando sobre a proteção dos tanques alemães – ©Warlord Games (foto usada com permissão/used with permission).

 

Médico! – ©Warlord Games (foto usada com permissão/used with permission).

 

Alemães se protegem do fogo inimigo atrás de um tanque destruído – ©Warlord Games (foto usada com permissão/used with permission).

 

Some-se a tudo isso a curiosidade para conhecer mais sobre todo o processo de criação de miniaturas, sobre o negócio dos wargames, e sobre a própria Warlord Games e seus outros jogos e eu tinha motivos de sobra para visitá-los. E foi assim que em meu terceiro dia em Nottingham eu acordei cedo para visitar os escritórios da empresa.

 

Diferente da Mantic Games (que eu havia visitado no dia anterior) e da Games Workshop a Warlord Games tem seu quartel general em um prédio de escritórios tendo seus diversos departamentos espalhados por todo esse complexo, então chegando lá me dirigi a recepção e aguardei um pouco até que meu contato pudesse ir me receber. Acabei sendo recebido por um cara chamado Dave Lawrence, muito solícito e atencioso, que me ciceroneou por uma visita por vários departamentos da empresa ao longo da hora seguinte.

 

Na sala onde as miniaturas de metal são feitas com o emprego de uma centrifuga.

 

O processo de criação de um novo molde em borracha para a produção de miniaturas (a confecção de moldes é uma arte a parte demandando profundo conhecimento do processo de fabricação e escultura das peças).

 

Se por um lado poder vislumbrar todo o processo de confecção da miniatura foi muito instrutivo, e uma experiência ímpar, o mais surpreendente pra mim ao visitar a Warlord Games foi compreender quanto trabalho humano é investido com cada peça que chega até nossas mãos. É fácil imaginar que nos dias de hoje a automação dos processos industriais se encarregue de tudo, com plástico e resina entrando por um lado de uma grande máquina e miniaturas sendo cuspidas do outro, caindo em grandes esteiras e sendo empacotadas de maneira automatizada em grandes salas estéreis.

 

Ok, até pode ser assim em alguns casos, mas na Warlord Games cada peça de seus jogos é fruto de muito trabalho e dedicação de pessoas que gostam tanto de jogos e história quanto eu e você. Da sala onde são criados os conceitos das miniaturas e onde elas são esculpidas, passando pela sala de confecção dos moldes e ao processo de produção dos modelos em si até o processo final de embalagem e envio das caixas de modelos não havia qualquer grande máquina automatizada, mas sim gente, trabalhando ocupada em produzir modelos para nosso entretenimento.

 

Moldes em silicone armazenados. Eles são empregados na confecção dos modelos produzis em resina pela Warlord Games.

 

Moldes já preenchidos aguardando o processo de cura da resina.

 

A “panela de pressão”, uma câmara de vácuo, empregada para eliminar bolhas de ar da resina, garantindo um produto melhor acabado ao final.

 

Além desse fator humano por trás da produção achei muito legal ver que a Warlord se relaciona e cria parcerias para produzir seu material, seja com a Osprey Publishing (famosa mundialmente por seus aclamados livros sobre história militar ) com quem a empresa produz os livros de regras dos wargames históricos, seja com a The Army Painter que produz kits de tintas específicos para os produtos da Warlord e outros produtos do hobby (grama estática, pincéis, etc) ou ainda empresas como a Pegasus Hobbies, 4Ground, Renedra, Italeri e Sarissa Precision que produzem cenários para os jogos da companhia.

 

Parte do estoque da Warlord. O sonho de qualquer hobbyista.

 

“Tá tudo muito legal até aqui, mas e os jogos em si?” Você pode se perguntar. Bom, embora a Warlord Games produza wargames para praticamente toda guerra que alguém possa imaginar na história da humanidade (“Hail Cesar” para o período compreendido ente 3000 AC e 1500DC; “Pike & Shotte” para o período entre 1500 e 1700; “Black Powder” para o período entre 1700 e 1900) foi mesmo o Bolt Action, do período entre 1939 e 1945, que me chamou a atenção dentre os históricos.

 

A escala dos modelos desse jogo é mesmo muito mais agradável ao meu senso estético, assim como as regras, escritas por Alessio Cavatore e Rick Priestley, me pareceram bastante sólidas, inovadoras com sua mecânica de “dice orders” e simples de aprender, tanto que acabei comprando uma das caixas básicas desse jogo, chamada “Assault on Normandy”. Além do Bolt Action também me chamou a atenção o wargame produzido pela empresa do Juiz Dredd (Judge Dredd no inglês).

 

Se você não o conhece, o Juiz Dredd (para mais detalhes confira o artigo mais completo na Wikipedia em inglês) é um personagem dos quadrinhos ingleses nascido nas páginas da revista 2.000 AD que, embora goze de fama e reconhecimento também por aqui enquanto entretenimento escrito (tendo sido publicado recentemente pela Panini), vive nas memórias de muita gente imortalizado pelo Sylvester Stallone no infame filme Judge Dredd de 1995 considerado por muitos um desserviço ao personagem (que foi muito melhor representado nas telonas por Karl Urban no MUITO melhor filme Dredd). O personagem de um futuro distópico famoso por ser ele mesmo juiz, júri e executor também ganhou uma adaptação para o universo dos wargames pelas mãos da Warlord Games em uma parceria com a Mongoose Publishing chamado Judge Dredd the Miniature Game e é claro que o jogo e suas miniaturas tiveram grande apelo para mim.

 

Fiquei muito tentado a pegar a caixa básica desse jogo também, mas a essa altura me faltava o dinheiro necessário e o espaço na mala, motivo pelo qual optei pelo Bolt Action, mas com dor no coração e uma vontade muito grande de me aventurar pelas ruas de Mega-City One.

 

A caixa “Assalt on Normandy” (Assalto na Normandia) aguardando pacientemente seu próprio artigo aqui no blog. Em breve!

 

Por fim, cumpre mencionar as fantásticas miniaturas para o jogo Beyond the Gates of Antares que pude ver por lá. Quem acompanha as campanhas de financiamento coletivo de jogos no Kickstarter  (ou as noticias sobre o assunto publicadas lá no Facebook do Papo de Mesa Podcast) pode estar se lembrando vagamente desse nome já que o Beyond the Gates of Antares teve uma campanha para financiar o lançamento do jogo por lá. O BTGoA (vamos de sigla porque o nome é muito grande) é um jogo criado por Rick Priestley, ninguém menos que um dos criadores do Warhammer e do Warhammer 40.000. Chamou sua atenção não?

 

Com a promessa de um mundo aberto e colaborativo, onde a participação dos jogadores e financiadores delinearia as regras e o background do jogo criando para todos os fins um “background vivo” onde cada jogador poderia impactar verdadeiramente o universo do jogo, talvez o projeto tenha sido ambicioso demais, inovador demais, pedido dinheiro demais, ou não tenha impactado a comunidade como previsto a despeito da importante assinatura do Rick Priestley por trás dele.

 

A promessa ao final da campanha, no momento de seu cancelamento, prometia o retorno do BTGoA através de outros meios e me parece que o jogo pode ter encontrado seu lar na Warlord Games. Pude ver em primeira mão diversas miniaturas desse jogo pintadas no estúdio de design da companhia e digo que elas são espetaculares, uma abordagem fresca do gênero Sci-fi que me deixou ansioso por explorar o que há além dos portões de Antares (e eu ainda ganhei como mimo uma miniatura do Hansa Nairoba, esculpida pelo Kev White).

 

A miniatura do Hansa nairoba que me foi presenteada. Thanks Dave!

 

Ao invés de só acreditar em mim você pode ver por si mesmo já que desde a minha visita a Warlord já publicou fotos dos modelos que naquele momento ainda eram “secretos”:

 

Bovan Tuk, mercenary leader – ©Warlord Games (foto usada com permissão/used with permission).

 

Boromite Gangers – ©Warlord Games (foto usada com permissão/used with permission).

 

Mais Boromites, as mesmas miniaturas que pude “ver com as mãos” em minha visita ao estúdio (se eles soubessem o risco que correram, entendedores entenderão) – ©Warlord Games (foto usada com permissão/used with permission).

 

Uma miniatura do Hansa Nairoba pintada mostrando quão incrível é essa escultura do Kev White – ©Warlord Games (foto usada com permissão/used with permission).

 

E foi nessa nota, empolgado com a visita e com a oportunidade que me foi proporcionada, que me despedi do pessoal da Warlord Games e retornei ao meu hotel. Queria agradecer MUITO ao Dave Lawrence que foi super paciente com minhas perguntas e me acompanhou por toda a visita, ao Steve Yeates do departamento de vendas pelo papo e camaradagem e pela permissão para usar fotos da Warlord Games neste artigo, e a toda a equipe da Warlord Games, que foi muito solicita ao responder minhas perguntas e tolerou minha “invasão” ao seu espaço de trabalho. Sinceramente meu  MUITO OBRIGADO.

 

Antes de me despedir, eu gravei um pouco da visita e queria compartilhar com vocês mais um pouco do que vi por lá:

 

 

E acho que é isso que tinha para compartilhar com vocês sobre a visita a Warlord Games. Espero que você tenha ficado entusiasmado para conhecer mais sobre eles (tanto quanto eu estava ao partir para minha visita) e que ao final você se torne um fã tão grande quanto eu. Então vá lá, visite a página deles na internet (que eu já referenciei diversas vezes ao longo do artigo e que é recheada de textos e fotos sobre os jogos da empresa) e curta a página deles no Facebook para acompanhar de forma dinâmica as novidades.

 

Mais em breve por aqui! Grande abraço e até logo.

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Comments
  1. Francisco says:

    Brasileiro precisa conhecer isso para dar valor ao nosso trabalho.

    • Gereth says:

      Oi Chicão!

      Obrigado pela visita e por comentar cara. Pois é, é uma realidade muito diferente da nossa por aqui, onde tudo acaba custando muito mais, leva mais esforço e como você mesmo diz não é tão valorizado.

  2. Maldito Kev White e suas miniaturas que levam meu dinheiro…

  3. Normal says:

    Mais videos! rsrs

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