Hello Reader.

 

This article is the Portuguese version of my review on the Wiz-War board game. There’s an English version available here and if you’re also into board games I highly recommend you check it out.

 

Over and out.

 

+++

 

Salve Leitor!

 

Eu sempre gostei de jogos de tabuleiro mas como a maioria dos brasileiros cresci com as opções limitadas do mercado que geração após geração preencheram as prateleiras da seção de jogos das lojas de brinquedo juntamente com os quebra cabeças.

 

Tenho certeza que você também conhece a lista: Ludo, War, Banco Imobiliário, Jogo da Vida, Detetive, Imagem e Ação, Combate… acho que é isso. Posso estar me esquecendo de algum e estou deixando de mencionar outros jogos mais infantis (Pula Pirata e Operação estou olhando para vocês) mas via de regra essa era a lista de jogos que eu e todo amigo da minha idade tinha em casa para nos entreter quando invariavelmente chovia nas férias e não podíamos brincar na rua (tem um artigo interessante no Retromotoca com fotos de um catálogo dos jogos da Estrela da época), e quero crer que esse é o motivo pelo qual a maioria das pessoas da minha geração deixou os jogos de tabuleiro de lado, já que jogar sempre a mesma coisa enjoa.

Assim, não é incomum convidar um amigo “não iniciado” nos jogos de tabuleiro para uma partida de jogos de tabuleiro e receber como resposta uma virada de olhos e uma rápida negativa. Eu sei, eu já fiz isso e já recebi a mesma resposta várias vezes ao logo dos anos. Ninguém mais aguenta jogar Banco Imobiliário (se bem que eu nunca consegui terminar uma única partida).

 

Uma coleção de jogos da minha geração. Não é a minha mas poderia ser. Foto retirada da internet, autor desconhecido, usada sem permissão.

 

Não existe nada mais triste do que ir ao corredor de jogos nas lojas de brinquedo procurando algo interessante para presentear minhas filhas e continuar a esbarrar nos mesmos jogos de quando eu era criança, mais de 20 anos atrás. Eles podem até estar de caixa nova ou ganhar uma roupagem diferente com um novo tema (como o WAR Roma, ou o Banco Imobiliário dos Simpsons, ou ainda o Banco Imobiliário que aceita cartão de crédito) mas no fim das contas continuam sendo os mesmos jogos.

 

Contudo, mesmo diante desse cenário desolador, era inevitável que em algum momento os novos lançamentos do mercado internacional e a revolução dos “jogos de tabuleiro modernos” chegassem por aqui. Os grandes centros já tinham grupos de jogos há bastante tempo(me lembro sempre da “Festa do Peão de Tabuleiro” promovida em São Paulo e mencionada por amigos de lá), grupos esses invariavelmente semeados por quem viajava pra fora do país e trazia nas malas jogos diferentes dos que tínhamos aqui, mas eu mesmo nunca havia conhecido ninguém em Cuiabá que fosse um entusiasta dos “Board Games” modernos (até conhecer o Charlie a cerca de um ano ou dois, mas isso é assunto pra outro artigo).

 

Foi em uma de minhas viagens para participar em torneios de Warhammer 40.000, mas especificamente na visita à Curitiba para participar de um torneio promovido pelo Tropas Polares, que o amigo Thiago Penteado me convidou para algumas partidas de “boards” no dia anterior ao torneio, oportunidade em que pude jogar exemplares dessa nova safra de jogos (se não me falha a memória jogamos naquela oportunidade o Dominion e o Family Business) que desnudaram um mundo novo para mim.

 

Pouco tempo depois, visitando a turma do Clube Gaúcho de Wargames para outro torneio, o Leonardo “Monty” promoveu uma jogatina de boards, oportunidade em que conheci os conceitos de jogos “Euro”, com o Puerto Rico, e o bom “Ameritrash” com o Battlestar Galactica.

 

Voltei de Porto Alegre definitivamente fisgado e as sementes plantadas naquela ocasião rendem frutos até hoje com a coleção crescendo a cada dia, e jogando cada vez mais com a turma em Cuiabá (como você já deve ter percebido se assina a página do blog no Facebook), motivo pelo qual quero adicionar artigos sobre jogos de tabuleiro aqui no blog, o que nos trás finalmente ao assunto do artigo de hoje, nossa primeira resenha de um jogo de tabuleiro: o Wiz-War!

 

 

Quem me chamou a atenção para o Wiz-War foi o amigo Daniel Lustosa durante as gravações do episódio sobre jogos de tabuleiro do Papo de Mesa Podcast (são dois episódios sobre o tema que você pode conferir aqui e aqui). Naquela oportunidade cada um dos participantes fez recomendações de boards que curtia aos ouvintes e o Lustosa foi tão enfático sobre o quão legal o Wiz-War era que acabei comprando o jogo na versão produzida atualmente pela Fantasy Flight.

 

Como o nome indica o jogo retrata um combate entre praticantes de magia (do inglês “Wiz-War” pode ser traduzido como “guerra de magos”) cujo campeão se tornará o mestre da Ordem Arcana.

 

A caracterização do jogo não poderia ser mais simples e não recebe mais que um parágrafo no manual, e a mesma simplicidade fica evidente nas mecânicas do jogo onde os jogadores (de dois a quatro deles) disputam turnos alternados no controle de magos percorrendo um labirinto e tentando roubar os tesouros dos outros magos ou eliminar a concorrência, com o vencedor do “certame mágico” sendo decidido quando um dos magos alcança dois pontos de vitória (roubando dois tesouros, matando outros dois magos ou uma combinação desses dois fatores, ou ainda sendo o único mago sobrevivente no labirinto).

 

Os componentes do Wiz-War.

 

A área de jogo pronta antes do início da partida.

 

O turno de cada jogador é dividido em três fases, a primeira delas chamada “Time Passes” (o tempo passa) pode ser descrita como uma fase de manutenção das magias ativas do jogador, a segunda delas é dedicada ao movimento e a execução das magias do jogador consistentes nas cartas em sua mão (que pode executar qualquer quantidade delas mas somente um ataque contra um oponente) e por fim a fase de saque e descarte. As ações de cada jogador são sempre bastante rápidas, resultando em um turno bastante dinâmico e cheio de reviravoltas a medida que o jogador ativo executa suas magias e pode ver seus planos frustrados por uma contra mágica bem executada por outro mago.

 

Uma contra mágica bem executada salva vidas.

 

Porém não deixe a aparente simplicidade do jogo enganá-lo. Após duas partidas fiquei espantado com as inúmeras possibilidades estratégicas do jogo através da infinidade de combinações possíveis entre as cartas de magia (168 delas somente no jogo base divididas entre sete escolas de magia – Cantrips, Alchemy, Conjuring, Elemental, Mentalism, Mutation e Thaumaturgy) e seus efeitos no labirinto (como por exemplo criar uma barreira de fogo e usar uma outra magia para compelir o oponente a atravessá-la, potencialmente causando dano) o que aumenta consideravelmente o fator da rejogabilidade do Wiz-War. Outra coisa interessante é que o labirinto onde o jogo se desenrola não é estático e vai sendo alterado pelas ações e magias dos jogadores ao longo da partida (que criam novos muros, alteram o layout do tabuleiro, destroem paredes, etc.).

 

Uma partida rolando. Duas “Bolas de Fogo” guardadas esperando um alvo.

 

O jogo conta ainda com duas expansões, ambas produzidas também pela Fantasy Flight, a primeira delas “Malefic Curses” oferece aos jogadores a possibilidade de incluir um quinto jogador nas partidas, assim como 3 novas escolas de magia (Hexcraft, Curses e Necromancy), já a segunda “Bestial Forces” adiciona outras 3 escolas de magia ao jogo (Mythology, Totem e Draconic) mas tem como grande atrativo permitir que os jogadores conjurem criaturas para lutar a seu serviço no labirinto.

 

Se por um lado o jogo é bastante dinâmico e estratégico o que deve agradar a outros jogadores além de mim, o Wiz-War não deixa de depender um bocado da sorte no que diz respeito ao saque de novas cartas de magia a cada turno para compor a mão de feitiços de cada jogador (a dependência da sorte fica ainda maior a medida em que se monta o deck de magias com cartas de mais escolas – o jogo recomenda o uso de três escolas além dos Cantrips em cada partida, mas uma regra opcional permite que você misture todas as escolas em um único deck de magias), o que certamente deve desagradar aos detratores dos jogos “Ameritrash”, mas que a mim não incomodou nem um pouco (o Ivan que jogou comigo reclamou um pouco sobre isso argumentando que o jogo seria mais interessante para ele, se ele pudesse customizar sua mão de feitiços e ter maior controle sobre ela – euro lover detectado acho eu).

 

A cara de alegria do Ivan em servir como cobaia para testarmos o jogo. Essa felicidade durou até a primeira bola de fogo.

 

Outra coisa que me agradou bastante no Wiz-War foi que ele vem com miniaturas, o que a meu ver aumentam muito a imersão no jogo (miniaturas são sempre um bônus bem vindo em qualquer jogo). As miniaturas poderiam sim ser substituídas por tokens de papelão, como inclusive ocorria em algumas das versões anteriores do jogo, sem alterar em nada a jogabilidade ou a diversão, mas sendo um idiota por miniaturas eu não poderia deixar de mencionar o quanto elas são legais.

 

Também é importante dizer que toda a arte do jogo é muito bem executada e tudo, os manuais, o tabuleiro, as cartas de magia e tokens empregados no jogo, é muito bem caracterizado o que a meu ver contribui bastante para nossa imersão nesse universo de combate mágico apresentado pelo Wiz-War.

 

Um belo exemplo da arte do jogo na capa do livreto de regras.

 

Acho legal mencionar que a atual edição do jogo, produzida pela Fantasy Flight, é a sua oitava encarnação, tendo sido produzido anteriormente pela Chessex (responsável pela quarta, quinta, sexta e sétima edições do jogo) e pela empresa de seu criador a Jolly Games (através da qual saíram as três primeiras edições). Eu me surpreendi em descobrir que o Wiz-War é um jogo com tantas edições (tanto que chega a ser considerado um clássico por algumas pessoas lá fora) o que me leva a perguntar o motivo dele nunca ter ganhado uma versão por aqui. Se você também se interessou pelas origens do jogo pode ler mais sobre ele no relato de seu criador, Tom Jolly no artigo “A brief history of Wiz-War”.

 

As diferentes edições do Wiz-War. Foto por Tom Jolly, usada com permissão.

 

Honestamente eu não poderia estar mais encantado com o Wiz-War e com o quão divertido o jogo é já que ganhando ou perdendo me diverti muito em cada nova partida. Se houverem coisas ruins nesse jogo eu ainda tenho que descobri-las, e, de modo geral, eu não poderia estar mais satisfeito com essa aquisição.

 

Recentemente joguei mais algumas partidas após ter escrito o primeiro rascunho deste artigo, e preciso concordar com algumas opiniões que li online e dizer que o jogo fica ainda melhor se você usar algumas das regras originais do jogo que tornaram-se opcionais nessa nova edição. As regras “Deadly Treasures” (Tesouros Mortais) e “Permanent Creations” (Criações Permanentes) deixaram o jogo bem mais tenso e MUITO mais divertido.

 

A alegria inocente antes de começar a partida.

 

O mago verde passa pra agressão física esbofeteando o mago azul.

 

Saber vencer deve ser uma arte milenar no oriente.

 

O mago vermelho captura um dos baús inimigos.

 

Segunda vitória seguida do mago vermelho… tão querido e modesto.

 

A vingança tem gosto de sangue nas garras do lobisomem!

 

Acho que é isso! Espero que tenham gostado e que a resenha tenha serventia pra você. Se tiver a chance de jogar o Wiz-War não perca tempo e mande ver nas magias e se o jogo te interessou pode comprar tranquilamente, tenho certeza que não vai se arrepender.

 

Até breve.

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Comments
  1. Marcelo Ferrari says:

    Legal!!!! =D
    Bora por na mesa no carnajogos 2016!

    • Gereth says:

      Tô com medo do Carnajogos 2016 ser monopolizado pelo Arcadia Quest. Mas eu levo sim!

      • Marcelo Ferrari says:

        Kkkkk. Medo consistente. Dai vc aproveita pra fazer uma resenha top como esta sobre o arcadia =D

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