Hello Reader!
This is the Portuguese version of the article about the “hairspray weathering” technique published here today. You can check the link for the English version.
Over and out!
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Olá Leitor!
O ritmo de preparativos para o “Rumble in the Jungle II – A Missão” está intenso e na esteira de todos os outros preparativos acabei trabalhando em mais algumas peças de cenário para as mesas do evento.
Quem acompanha nossa página no Facebook, ou ainda nossa conta no Instagram, já teve algumas prévias dos novos cenários em que andamos trabalhando, e por conta disso algumas pessoas nos perguntaram como foi que conseguimos o resultado de envelhecimento (weathering) nos prédios cujas fotos andamos publicando.
Pra não deixar a galera na curiosidade achei que seria legal postar um pequeno tutorial mostrando o passo a passo da pintura de uma das novas peças de cenário, uma fortificação imperial, o “Imperial Bastion” da Games Workshop.
Infelizmente não tenho fotos da primeira parte do processo de pintura (que pretendo cobrir em mais um artigo a ser publicado em breve por aqui) mas, felizmente, não é nenhum bicho de sete cabeças.
Comecei aplicando um primer de cor preta sobre toda a superfície do modelo, seguido por uma aplicação de um tom metálico escuro sobre toda a peça. Quando a tinta metálica secou apliquei uma mistura de tintas para simular ferrugem em um processo muito parecido com o que descrevi por ocasião do tutorial sobre a técnica de envelhecimento com sal (salt weathering).
Quando o wash de ferrugem secou era hora de começar o processo de pintura e o nosso tutorial propriamente dito.
Pesquisando artigos de modelismo mais ou menos na ocasião em que publiquei o artigo sobre o envelhecimento com o sal aqui no blog, acabei lendo bastante sobre outra técnica de envelhecimento descrita como “técnica do laquê” (no inglês “Hairspray Technique” ou ainda “Haispray Weathering”). A técnica consiste em aplicar uma camada de laquê para cabelo (o laquê é um produto utilizado nos cabelos para dar forma a penteados mantendo-os por mais tempo) sobre a cor base do modelo que se pretende revelar posteriormente com o envelhecimento.
O laquê evita que a camada posterior de tinta aplicada sobre a base se fixe completamente ao modelo após seca, permitindo que, quando umedecida com um pouco de água morna, a tinta aplicada sobre o laquê seja retirada produzindo excelentes resultados de pintura gasta ou descascada.
Como esse era o resultado que eu queria, decidi que iria experimentar essa técnica.
O primeiro passo então foi aplicar uma camada de laquê sobre o “Imperial Bastion” cuja cor base (de metal enferrujado) já estava pronta. Pra proteger a tinta original eu apliquei primeiro uma camada de verniz brilhante e após o verniz secar, apliquei o laquê.

Com o verniz brilhante protegendo a tinta originalmente aplicada sobre o primer, o primeiro passo foi aplicar o laquê sobre o modelo.

Uma ou duas camadas do laquê aplicadas sobre todo o modelo são suficientes.
Com a camada de laquê seca era hora de começar a pintura. Com o auxilio de um aerógrafo apliquei uma camada de amarelo sobre todo o modelo.

O resultado do amarelo aplicado sobre o laquê.

O outro lado do Imperial Bastion. As rachaduras que aparecem na foto se formaram naturalmente após a aplicação da tinta sobre o modelo com laquê.

Um detalhe das rachaduras. Experimentando um pouco fiquei com a impressão que quanto mais diluída a tinta aplicada sobre o laquê, maior a formação dessas rachaduras na tinta.
Eu pintei dois “Imperial Bastion” e pra dar uma diferença entre os dois pensei em fazer desta uma fortificação de comando. Para denotar o status diferenciado decidi aplicar uma faixa de outra cor em algumas das fachadas do prédio, e para proteger o amarelo do overspray do aerógrafo utilizei uma máscara de fita.

A aplicação da máscara de fita. Empreguei nessa pintura a “masking tape” da Tamiya, mas a nossa fita crepe também funciona super bem pra função. É importante deixar a tinta secar bem para evitar que a fita usada como máscara arranque a tinta em locais indesejados.

A aplicação do vermelho em um dos lados do “Imperial Bastion”.

O vermelho aplicado na face oposta. A fita é imprescindível não só para o acabamento na faixa, mas também para evitar que o vermelho manche o amarelo em áreas indesejadas. A tinta vermelha foi aplicada também com o aerógrafo e com baixa pressão de ar, justamente para minimizar ao máximo o overspray.

O “Imperial Bastion” com a máscara retirada. É possível perceber alguns lugares onde a tinta penetrou por baixo da máscara. Nesse caso seria necessário corrigir usando um pincel, mas como iriamos retirar um bocado de tinta, esses deslizes corram corrigidos com os descascados.
Com as cores bases aplicadas na peça era hora de começar o trabalho de envelhecimento propriamente dito. Diferente da técnica de envelhecimento com o sal onde basta lavar o modelo com água morna e esperar o sal ser dissolvido revelando a cor base, aqui o processo é um pouco mais complexo e demorado (mas a meu ver te da muito mais controle sobre o processo).
Para dar inicio ao envelhecimento é necessário aplicar água morna sobre o modelo, umedecendo a tinta e dissolvendo o laquê por baixo dela o que por sua vez solta a tinta. Ai, com auxilio de um palito de dentes, ou ainda um pincel de cerdas duras, você pode ir removendo a tinta que aplicou sobre o laquê nos locais que escolher.

Com a tinta devidamente umedecida, basta ir esfregando um palito para ir descascando a tinta.

Uma outra visão do processo de ir descascando. É possível retirar toda a tinta revelando a cor base embaixo de todas as camadas, ou retirar tão somente uma das camadas, tudo isso variando a força exercida para ir descamando a tinta.

O “Imperial Bastion” já com boa parte da inta desgastada. Para retirar o amarelo dos metais (como nas janelas) usei um pincel de cerdas duras e ia esfregando as partes do metal, usando o pincel como uma escovinha para retirar a tinta amarela indesejada.
Achando que o “Imperial Bastion” merecia um detalhe a mais para denotar seu status diferenciado, achei que seria uma boa oportunidade para aplicar um detalhe usando um estêncil. Eu tinha aqui alguns estênceis produzidos em vinil auto adesivo pela Fallout Hobbies para uso com aerógrafos, em especial o estêncil com marcações de esquadrão para veículos, que tinha um crânio laureado perfeito para denotar a função de comando.

O estêncil de vinil auto adesivo da Fallout Hobbies.

As instruções de uso. O estêncil pode ser reutilizado algumas vezes, mas vai perdendo seu adesivo o que garante um número de usos limitado para cada um deles.
Era hora de sacar a fita para mascarar o modelo novamente

Após a aplicação do estêncil usei a “masking tape” em torno dele para evitar o overspray mais uma vez. A primeira capa de cor, um cinza claro, foi aplicada com auxilio do aerógrafo.

A segunda capa de cor foi aplicada diretamente sobre o cinza, um branco desta vez. Embora eu tenha usado o aerógrafo, acredito que a aplicação com uma esponja sobre o estêncil produziria resultados bastante parecidos, já que como ele possui um adesivo próprio, ele permite a aplicação da tinta somente nos elementos vazados.

O símbolo de comando pintado após a retirada do estêncil e das fitas de máscara.
Após a aplicação do detalhe com o estêncil apliquei o mesmo tratamento de envelhecimento desgastando a pintura recém aplicada.

Ao desgastar o crânio laureado, tentei respeitar as áreas originalmente desgastadas.

Os desgastes da tinta seguem o gosto do pintor. No outro lado, busquei uma vez mais replicar no desenho do crânio o desgaste original.
Após a conclusão de todo o processo de desgaste na tinta era hora de aplicar alguns detalhes adicionais. Eu selei a pintura com mais uma camada de verniz brilhante e usando a mesma mistura de tintas originalmente aplicada para emular o metal enferrujado pintei alguns escorridos de ferrugem sobre a pintura. Também reapliquei a tinta metálica aplicada como base em alguns detalhes do modelo.

As marcas de ferrugem escorrida.

Ao aplicar as marcas de ferrugem escorrida tentei respeitar o contorno da peça.
Finalizado o envelhecimento propriamente dito era hora de atacar os detalhes finais do prédio com a pintura de algumas lentes e lâmpadas. Para as lâmpadas usei uma vez mais o aerógrafo para criar um efeito de luminosidade.

Todas as lentes das servo skulls e sensores foram pintadas em vermelho.

Para as lâmpadas, optei em usar o verde (que já havia empregado na pintura do “Landing Pad”). Acabei deixando de fotografar todas as etapas do processo. Aqui percebe-se os dois tons de verde semi transparente aplicados sobre o modelo, demarcando um círculo em torno da fonte de luz.

A aplicação final da tinta sobre a fonte de luz.

Tons cada vez mais claros são aplicados sobre a fonte de luz, respeitando, contudo, o halo mais escuro pintado anteriormente de maneira a criar a ilusão de luminosidade.
No final das contas todo o processo valeu como aprendizado dessa nova técnica que adicionei ao meu repertório. Fiquei bastante satisfeito com o resultado final obtido que vai poder ser conferido em breve nas mesas do RumbleII.

O “Imperial Bastion” terminado.

Uma foto mostrando o outro lado do “Imperial Bastion”.

Um dos lados com a pintura somente em amarelo do “Imperial Bastion” finalizado.
E acho que é isso por hoje pessoal! Vou retomar a pintura aqui.
Até a próxima.
Estêvão, muito bom o artigo. Na parte de umedecer a tinta, vc fez pontualmente ou lavou o modelo todo de uma vez?
Fala Tocha!
Obrigado cara. Tem valor especial o elogio vindo de você.
Então, eu umedeci a tinta somente no local em que ia fazer o descascado. Molhava com água naquele ponto, deixava a tinta absorver um pouco e atacava com o palito.
É um trabalho demorado, mas recompensador ao final.
Abraço!
ta de parabens pelo blog, gostaria de pedir uma ajuda, minha maior dificuldade na jornada de continuar pintando é achar um bom primer, as empresas americanas não vendem Spray para fora do país, oq dificulta a vida de quem pinta, vc pode me dar uma dica de onde comprar um bom primer, como da armypainter ou outros
Olá Rodrigo!
Muito obrigado por sua visita e pelo comentário. Fico sempre muito satisfeito em saber que os artigos aqui cumprem seu objetivo.
Cara, realmente achar o primer importado no Brasil é uma dor de cabeça enorme, mas existem boas alternativas por aqui. Se você perguntar a 10 hobbyistas diferentes é provável que escute 10 respostas distintas, já que cada um tem uma preferência.
Eu gosto muito de usar como primer a tinta em spray da cor “preto fosco” da linha DECOR SPRAY produzida pela Colorgin.
Essa inclusive é a minha recomendação no artigo com dicas de pintura aqui no blog.
Qualquer dúvida fico a disposição!
Grande abraço.