
Hello there.
Today’s post doen’t have an english version as I felt it would be of limited interest to my english readers out there. As I mentioned on an earlier post we’ve had the 3rd edition of the Fork of Mork tournament last december. In order to share some insights about what it takes to put such an event together I’ve put together a few questions for two of the organizers and now I share their responses with the local wargaming community.
There’s a lot more content coming soon so bear with me.
If you’d like to see a version of this interview in english drop me a line in the comments and if there’s enough interest I’ll come up with a translated version of it as well. In the meantime you could check the 4th episode of the RELOAD vlog which focuses on the Fork of Mork.
See you soon.
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Salve Leitor.
Devo admitir que acabei ficando bem curioso para saber mais sobre o desenrolar do Fork of Mork III (já que não consegui comparecer pessoalmente dessa vez assim como não pude participar ativamente de sua organização) e pra satisfazer essa curiosidade elaborei algumas perguntas sobre o encontro com intuito de entrevistar a dois dos organizadores dessa edição: O veterano Silvio Martins e o “Youngblood” André Streem.
Acho que a minha curiosidade deve ser compartilhada por outros tantos wargamers brasileiros que, como eu, ambicionam um dia realizar um encontro na localidade onde moram (mais sobre isso em breve) ou que gostariam de participar de um torneio como o Fork of Mork, mas, não fazem idéia de por onde, ou como, começar a se preparar para fazê-lo.
Sem mais delongas segue a entrevista com as respostas dos dois organizadores:
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The Painting frog: Em primeiro lugar gostaria de parabenizá-lo, e aos demais membros da organização, pela realização do 3º Fork of Mork. O consenso entre os participantes e na comunidade é de que o torneio realizado em novembro passado foi uma vez mais um retumbante sucesso. Quais são suas considerações sobre o evento?
SILVIO: O FoM começou como um evento fechado, apenas para convidados, parece um passado distante, mas foi pouco mais de 3 anos, de lá para cá ele foi se transformando e hoje é um evento consolidado dentro da comunidade de jogadores brasileiros. O FoM deste ano foi o menor em número de participantes devido a uma programação e datas que inviabilizaram a presença de outros jogadores, mas mantivemos a qualidade oferecida, coisa que não abro mão nos eventos que organizo. Tive também a felicidade de ter como co-organizadores um grupo muito comprometido com o hobby e que na verdade foi a verdadeira força motriz por trás desta edição do FoM.
A idéia, que eu acredito estarmos no caminho certo, é de criar um evento para wargamers, independente de sistemas jogados e que eles tenham um fim de semana dedicado e comprometido com o hobby. Os primeiros passos estão sendo dados e buscamos sempre melhorar a cada ano.
Hoje temos inúmeros dias de jogos, encontro de clubes e todos estes com grande ou pequena periodicidade, a idéia é que o FoM seja um encontro de todos estes grupos para celebrarmos nosso hobby, encontrarmos e jogarmos com gente diferente e trazer sempre sangue novo para o grupo.
ANDRÉ: Apesar de não termos atingido o volume de participantes esperado, estamos bem satisfeitos com o FoM III. Recebemos uma nova leva de jogadores e foi o primeiro torneio de muitos dos participantes. O FoM vem cada vez mais se consolidando como um evento diferente, seguindo os propósitos pelo qual foi idealizado: promover a diversão e ser um grande encontro de amigos. Fiquei muito satisfeito de ver belos exércitos pintados, e mais satisfeito ainda de ver todo mundo se divertindo nas partidas. Só nos dá mais empolgação pra continuar batalhando pra fazer eventos assim para a comunidade.
The Painting frog: A despeito do sucesso do torneio são notórios os percalços enfrentados por qualquer um que queira realizar um evento semelhante. Quais foram as dificuldades encontradas por vocês da equipe de organização para realização do torneio? O que deve ter em mente o organizador de eventos e torneios e quais as dicas para quem se dispuser a organizar algo parecido?
SILVIO: A primeira e maior dificuldade é com a mentalidade do jogador brasileiro, e depois é a busca por um local que agrade e que seja dentro do orçamento. A dificuldade em explicar a um leigo o que é este “jogo” é tão difícil quanto explicar a idéia por trás do FoM, que é de agregar e trazer mais próximos grupos diferentes.
É preciso ser político e ter a verdadeira vontade de reunir o pessoal, conversar de igual para igual com outros organizadores de clubes e associações etc.
Um evento não deve ter em foco ou como meta o lucro financeiro. O que deve ser medido e alcançado é pessoas, novas, antigas, não importa. Se eu monto um evento onde consigo trazer gente nova ou da antiga para jogar eu já me sinto feliz e com o sentimento de dever cumprido.
O fator financeiro também é uma questão importante e também os arranjos e acordos para o evento acontecer. Ter em mente que se gasta e há a possibilidade de prejuízo deve ser sempre lembrada. E organizar, passo a passo, todas as etapas pré e pós evento.
ANDRÉ: Primeiramente, o espaço. Principalmente numa cidade como São Paulo, em que distância e localização são fatores que podem determinar o sucesso ou fracasso total de um evento. Com o espaço do Mie Kaikan temos uma boa localização, de fácil acesso, próximo ao metrô. Depois, regramento. Encontrar missões justas e criar os cenários de forma que não prejudiquem ninguém é sempre um desafio. E por fim, a preparação das mesas, que leva muito tempo quando não se tem um banco de peças de cenário grande. É sempre bom planejar, delimitar prazos, e nunca tentar fazer tudo sozinho. Trabalho em equipe e divisão de tarefas é essencial para o sucesso do evento. Marcar painting days pra agilizar e produzir em linha é sempre uma boa ajuda. E principalmente, um organizador tem que saber que NUNCA vai conseguir agradar a todos. Reclamações sempre surgirão, seja de alguma peça de cenário, algum detalhe da missão, data… não dá pra satisfazer a todos. Tente sempre buscar o que a maioria quer, mas não se limite somente a isso.
The Painting frog: Muitos comentários de participantes e da comunidade têm elogiado as mesas e cenários apresentados no evento. Você poderia destacar algo sobre o processo de criação das mesmas? Os cenários foram confeccionados de forma a criarem conjuntos temáticos? Quais são suas dicas para alguém que queira confeccionar sua própria mesa para jogar wargames?
SILVIO: Um dos pontos fortes do FoM é sua equipe. Apesar de não ser a mesma todo ano, temos um grupo que gosta do hobby e abraçou a idéia de confraternizar e competir com amigos. No FoM discutimos idéias, ajudamos um ao outro e no final temos o resultado a olhos vistos. Neste ano foi uma coisa interessante. Tivemos uma mesa com temática Eldar desenvolvida por um dos organizadores e que teve ajuda de outros membros da equipe, eu mesmo montei alguns cenários usando kits da GW e que só vi finalizado e muito bem pintado no dia do evento.
A atividade não se limita aos dias do evento, temos emails discutindo isso desde o inicio do ano, e já estamos discutindo o próximo de 2012!
ANDRÉ: Mesas temáticas são sempre um must a qualquer torneio. Analisamos bastante as mesas de torneios gringos e vimos que a maioria não tinha um tema comum, muitas vezes era um catadão de cenários quaisquer. Definimos temas e dividimos entre os envolvidos. É sempre bacana ter mesas que saltam aos olhos, portanto, se for da vontade da equipe, vale gastar tempo e dinheiro preparando as mesas.
The Painting frog: Comparando os exércitos apresentados no FoM III com aqueles apresentados em outras edições do evento tivemos um notável crescimento no número de exércitos pintados. Salvo engano todos os exércitos participantes estavam pintados. A que você credita essa evolução? Houve bonificação em pontos de campeonato para a participação com exércitos pintados? Qual o seu entendimento acerca da obrigatoriedade da pintura do exército em alguns torneios no exterior? Em sua opinião podemos esperar algo nesse sentido por aqui?
SILVIO: Esta evolução se deu naturalmente, é fácil de entender como isso ocorre. Num evento você quer trazer suas cores, sua bandeira e mostrar o melhor de si. Nada traduz melhor isso do que um army pintado. No inicio era uma obrigação, mas depois que deixei isso de lado nas regras do evento começaram a aparecer armies pintados, convertidos etc.
O evento também não se prende a apenas jogos, temos sempre uma mesa destinada a pintura ,conversões e bate papo onde sempre passamos o que aprendemos a novatos, trocamos experiências etc.
Sobre bonificar armies pintados não mudamos praticamente nada em relação ao conjunto de regras que usamos, existe uma bonificação para entrega de listas, armies pintados, etc. como em qualquer campeonato da GW, por exemplo, mas com algumas regras da casa.
Espero nas próximas edições incentivar de algum modo ainda mais os armies pintados, minis convertidas e uso livre de minis de empresa X ou Y desde que componham um belo exército. Mas não vou obrigar alguém a pintar seu army, quero que o jogador sinta esta necessidade e que ouça o “chamado da tinta” rs*
O ponto mais importante do FoM é o envolvimento dos jogadores e a integração entre eles, obrigar qualquer coisa acaba sendo uma coisa negativa.
Nada mais estimulante do que ver as fotos dos armies pintados e querer sentar na bancada e pintar o seu!
ANDRÉ: A comunidade vem crescendo e com isso cada vez mais gente interessada em seguir o hobby, e não apenas o jogo. Fora isso, iniciativas online como o Desafio Motivacional e concursos de pintura são um ótimo incentivo pra galera deixar a preguiça e arranjar uns minutos pra pintar suas peças. Sou totalmente a favor da exigência de exércitos pintados em torneios, e temos planos de implementar tais medidas no FOM. Afinal de contas, não somos só jogadores, somos hobbystas. Os que não gostam de pintar, pagam para alguem pintar. Mas é uma forma de incentivar a pintura e de agradar aqueles que se esforçam em pintar suas peças, pois enfrentarão outras peças pintadas, e não somente a cor tediosa do plástico ou metal.
The Painting frog: Os exércitos premiados como “Melhor Exército Pintado” nesta edição realmente chamam a atenção pela qualidade na execução da pintura. Quais são os critérios adotados na avaliação desse quesito? Quais são as dicas da organização para os jogadores que desejem competir, e vencer, nessa categoria?
SILVIO: Usamos os critérios desenvolvidos e que são usados pela GW em seu guia de torneios e eventos. Temos ainda um grupo pequeno de artistas/jogadores e ainda considero muito pequena a participação ativa dos jogadores. As dicas são simples, pinte com o coração, lembre-se dos itens levados em conta pelos juízes (isso pode ser informado e conseguido na internet se, problemas) e pratique, nada melhor do que pintar sempre para um dia chegar a um nível artístico digno do que vemos lá fora.
ANDRÉ: Os critérios estão disponíveis no manual do FoM III. Vão desde pintura básica a técnicas avançadas, bases, conversões, e elementos extras, como display bases, marcadores de wreck, etc. Planejar bem a pintura, fugir do básico e se empenhar em aplicar técnicas novas são alguns ingredientes para ter pontuação boa. Investir em conversões e bases bem feitas são o essencial para se destacar. E praticar, sempre praticar muito, refina sua pintura e te dá chances de concorrer ao pódio. Temos muitos pintores bons no Brasil e é certamente um desafio grande a ser encarado.
The Painting frog: No que diz respeito ao prêmio de “Melhor General” quão acirrada foi a competição nesse ano? O campeão do torneio venceu com um exército de Dark Eldar. Na sua opinião é necessário investir sempre no mais recente exército lançado para sagrar-se um campeão? Quais as dicas para os jogadores que ambicionam disputar esse prêmio?
SILVIO: Não acredito que o último exército lançado vá receber o prêmio de Melhor General. O que o pessoal ainda não tem muita prática é de participar de um evento onde o exército que ele luta não vai ter a mesma performance que tem no seu grupo de jogo. E qualquer “surpresa” pode acontecer.
Por exemplo, se eu tenho um exército que jogo com amigos e enfrento apenas exércitos de combate a longa distância eu vou, com o tempo, montando uma lista para jogar contra este tipo de exército e estratégia. Num evento onde buscamos trazer gente de diferentes locais, com estilos distintos de se jogar, sempre vamos ter uma boa surpresa ou uma ruim…
A dica é montar um exército balanceado em que você saiba como ele joga, e aí adaptar suas jogadas de acordo com o inimigo a ser enfrentado.
ANDRÉ: Tradicionalmente a GW tem essa tendência de sempre fazer codex novos melhores do que os antigos, o que dá um certo distanciamento das regras de um exército para o outro. Certamente usar listas extremamente competitivas de exércitos mais novos é um caminho para sagrar-se vencedor, mas praticar, entender bem todas as regras e dominar suas fraquezas é essencial. Qualquer general campeão deve saber dobrar o inimigo perante qualquer situação, e principalmente, mudar sua estratégia rapidamente perante qualquer adversidade encontrada. Explodiram seu Land Raider? Bola pra frente, não se desespere. Mataram seu HQ? Acontece. De um jeito de compensar tal perda.
The Painting frog: O FoM tem por tradição premiar, além do “Melhor General” e “Melhor Exército Pintado”, o “Campeão Geral” e o jogador mais cordial (Fairplayer). Dessa maneira o FoM cobre todos os aspectos do hobby certo? Você poderia tecer alguns comentários sobre esses prêmios? Alguma dica para futuros jogadores se destacarem nesses aspectos?
SILVIO: Acho que o FoM ainda não cobre 100% dos aspectos do hobby, nossa meta é ampliar os jogos (trazer mesas de diferentes companias, como Warmachine, Flames of War, etc.) e ampliar o escopo do hobby. Mas isso são passos para um futuro próximo, hoje acredito sim que estamos conseguindo valorizar os principais aspectos do nosso hobby, de acordo com a realidade brasileira.
Os prêmios são um incentivo. Pensamos em premiar com produto, minis, etc. mas decidimos que um troféu tem um valor mais emocional que uma caixa com minis e então investimos nisso (o troféu) e deixamos os produtos para sorteios e uma festa entre os participantes. Este ano além dos troféus sorteamos alguns mimos para os que participaram (adesivos, garrafas e chaveiros vindos da sede da GW de Nottingham)
O que espero e a dica que posso deixar aos jogadores é que eles se tornem ativos e participantes dos eventos, é com eles que isso tende a crescer.
Lembrar que o FoM é um momento de reunião e de convívio, onde competimos de um modo saudável é essencial. Acredito que premiamos sempre os melhores hobbystas e o que é um bom hobbysta? Aquele que joga, pinta monta, participa e entende que o jogo serve como um catalisador de pessoas com algo em comum que é a paixão por estes universos fantásticos.
ANDRÉ: Os melhores generais são premiados para incentivar os que gostam de jogar, sejam power players ou não. Muitas pessoas se dão bem em campeonatos com listas fluffwise. Melhores exércitos pintados é um incentivo para os hobbystas demonstrarem suas habilidades e se motivarem a terminar um exército. Campeão Geral é um prêmio para destacar aquele jogador que se saiu muito bem nas duas facetas do jogo, pintando bem e tendo bom desempenho no pano verde. E por fim, o fairplayer é escolhido pelos jogadores para eleger aquele que jogou mais limpo e mais cordialmente. Dominar bem as regras, evitar bater de frente em discussões, acolher decisões dos juízes, evitar lances duvidosos, agir sempre com boa fé, manter coerência em sua pintura, investir tempo na pintura, evitar listas anti-fluff e competitividade exagerada são boas dicas para se sair bem em todas as categorias.
The Painting frog: Existem planos para um 4º Fork of Mork? Se sim, que novidades podemos esperar para o próximo evento?
SILVIO: Sim, os planos existem e já estão em andamento, e sem frescuras aqui de dizer ou não o que vai ser. (rs).
Planejamos um evento para o meio do ano, ainda sem data definida, e com a ampliação das mesas e do que é oferecido nos 2 dias de jogatina. Temos planos para ter mais torneios e mesas de demonstração e uma área maior para pintura e troca de bits.
Além disso, estamos já com uma parceria que ira fazer o evento mais interessante, (mas esta informação eu ainda devo manter nos bastidores).
ANDRÉ: O FoM IV está em discussão. Por enquanto não vamos revelar nada, mas a galera pode se animar que o FoM IV vai ser bombástico. Muitas novidades serão implementadas que ficaram de fora do FoM III e certamente iremos tentar atrair mais jogadores.
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E é isso pessoal. Espero que vocês também tenhama chado interessante saber um pouco mais do que vai na cabeça de dois dos organizadores do FoM e com isso entenda melhor como é pensado um torneio feito por esses caras. Publico em breve mais algumas entrevistas por aqui que acho que vão ajudar muito quem está se programando pra participar de um torneio em 2012.
Abraço e até breve.
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